sábado, 27 de fevereiro de 2016

Leituras e Devaneios: O Lado Bom da Vida - Matthew Quick



Hey Leitores!

Hoje nosso devaneio é sobre as páginas de O Lado Bom da Vida obra escrita por Matthew Quick em 2008 e adaptada para o cinema em 2012, sua adaptação é muito elogiada e é conhecida por ter dado a Jennifer Lawrence sua primeira estatueta do Oscar.


Sinopse

"Pat Peoples, um ex-professor de história na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele “lugar ruim”, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um "tempo separados". Tentando recompor o quebra-cabeças de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com seu pai se recusando a falar com ele, sua esposa negando-se a aceitar revê-lo e seus amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua internação, Pat, agora um viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida. À medida que seu passado aos poucos ressurge em sua memória, Pat começa a entender que "é melhor ser gentil que ter razão" e faz dessa convicção sua meta. Tendo a seu lado o excêntrico (mas competente) psiquiatra Dr. Patel e Tiffany, a irmã viúva de seu melhor amigo, Pat descobrirá que nem todos os finais são felizes, mas que sempre vale a pena tentar mais uma vez. Um livro comovente sobre um homem que acredita na felicidade, no amor e na esperança."


Bastou o primeiro capítulo e pronto! Eu já estava apaixonada pelo Pat Peoples o herói de "O Lado Bom da Vida" e já estava torcendo por ele, seja lá o que ele quisesse alcançar.

Matthew Quick soube ser esperto e para o bem da sua história criou um primeiro capítulo que mais serve como um laço, que prende o leitor desde o inicio da obra. Não tem como terminar esse capítulo sem se apaixonar por Pat e torcer pelo final feliz que ele tanto almeja.




O Lado Bom da Vida é um livro sobre tolerância, cheio de personagens super diferentes entre si, uns que você aprende a amar e outros a odiar. Começando pelo pai de Pat, o personagem que mais odiei durante o livro, é muita insensibilidade em um personagem só era incrível como ele não conseguia ver além das limitações do filho e enxergar que ele poderia ser alguém melhor se tivesse o apoio de todos. Inclusive a dele próprio.


Outro personagem super legal é o Dr. Patel e a relação que ele constrói com seu paciente Pat, mesmo sabendo que a essa relação é muito delicada, levando em conta que Dr. Patel trata da saúde mental de Pat, eles conseguiram encontrar uma paixão em comum, o futebol americano, que os uniu ainda mais e fez da amizade um ótimo acréscimo a terapia de Pat.

 
Falando sobre futebol americano, se você não curte muito ler sobre esse tipo de esporte vai ter um pouco de dificuldade durante o enredo já que este é cheio de referências a liga de futebol americano dos EUA.


Pat Peoples é um herói em extrema confusão para os outros mas totalmente decidido para si mesmo, apesar de suas limitações e dúvidas ele acredita que tem a chance de ser feliz e que não pode perder essa chance por nada mesmo sabendo o quão difícil poderá ser a sua trajetória.



Pat, além de tudo se torna um leitor voraz, no decorrer do livro ele nos conta suas impressões sobre os grandes clássicos que lê e o quanto decepcionado ele fica por saber que finais felizes nem sempre são permitidos, na vida e consequentemente na literatura. Entre essas sobras estão: O Grande Gatsby e O Apanhador no Campo de Centeio. 


                                   

Durante sua trajetória Pat deixa sempre claro os seus objetivos e se supera a cada novo capítulo, desde a saída do 'lugar ruim' até quando ele decide escolher pra sua vida aquilo que está ao seu alcance. O Lado Bom da Vida é um livro para sonhadores, pessoas que como Pat são persistentes e que acreditam que mesmo em situações difíceis o melhor pode acontecer. Um livro pra se apaixonar, chorar e se deliciar.

Hasta La Vista! :*

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Leituras e Devaneios: Profissões para Mulheres: Sobre Agent Carter e Virginia Woolf


Buenas!

Hoje vamos ter muito o que devanear sobre este post. Primeiramente este é baseado na leitura do livro Profissões para Mulheres e Outros Artigos Feministas da autora Virginia Woolf. Durante a leitura, percebi que esta obra tem bastante a ver com o plot da série de TV Marvel's Agent Carter e do perfil de sua personagem principal Peggy Carter. As duas obras, mesmo retratando realidades diferentes entre os anos 30 e 40 tem muito a ver com questionamentos que ainda nos fazemos hoje.

Vamos começar com um breve perfil das protagonistas deste post:

#Virginia Woolf



Virginia Adeline Stephen Woolf nasceu em Londres, Inglaterra, em 1882. Seu pai, um crítico literário, foi quem a educou. Figura central do grupo Bloomsbury, do qual também participaram E. M. Forster, Katherine Mansfield, Maximo Gorki, entre outros, colaborava com o Times Literary Supplement. 

Em 1912, casou-se com Leonard Woolf e fundou a casa editorial Hogarth Press, que lançou, além da própria escritora, T.S.Elliot, Forster e K. Mansfield. Foi a primeira editora a publicar a obra de Freud em inglês. Seu primeiro livro, A viagem, foi publicado em 1915. Depois vieram, entre outros,Noite e dia (1919), Mrs. Dalloway (1925), O quarto de Jacob (1922), Rumo ao farol (1927), Orlando (1928), Um teto todo seu (1929), As ondas (1931). No início da década de 1930, Vir­ginia já apresentava um histórico de saúde mental frágil, que culminaria no seu suicídio, em 1941.


#Agent Carter


Margaret "Peggy" Carter fez sua primeira aparição na revista Tales of Suspense #75 em março de 1966 criada pelos mestres Jack Kirby e Stan Lee. No início também era chamada de Agente 13, mesmo codinome que sua sobrinha Sharon Carter décadas mais tarde iria aderir (em outra história Sharon era irmã mais nova de Peggy).Carter foi uma das melhores agentes da Strategic Scientific Reserve (SSR) durante a segunda guerra mundial. Onde conheceu seu grande amor Steve Rogers, vulgo Capitão América. Nas histórias em quadrinhos eles se conheceram durante missões e Rogers não sabia o verdadeiro nome de Peggy, somente seu codinome.


Já no Universo Cinematográfico da Marvel, Peggy Carter é originalmente britânica, um oficial da British Armed Forces Special Air Service, durante a Segunda Grande Guerra. Conheceu Steve Rogers, antes desse se tornar o Capitão América, na base militar onde Steve foi treinar.

Teve um papel marcante na vida do Bandeiroso, sendo o grande amor de sua vida, que ficou lhe devendo uma última dança, antes de cair no oceano depois da luta contra o Caveira Vermelha no filme Capitão América: O Primeiro Vingador. Peggy Carter também participou da sequência Winter Soldier, já idosa, e com visíveis problemas de memória. 

...

Mas o que a renomada escritora inglesa e uma personagem ficcional tem em comum? Mais do que você imagina; as duas, uma através de suas obras e a outra nos fatos da série que protagoniza, demonstram em diferentes nuances e épocas, a posição das mulheres na sociedade patriarcal. Neste caso priorizando a profissão que exercem.

Virginia discute em seu livro a posição que as mulheres vinham tomando profissionalmente nos anos 30. O ensaio que abre o livro "Profissões para mulheres" Virginia expõem suas opiniões sobre os desafios que a mulher da época enfrenta para ocupar uma profissão que não seja ligada aos padrões que a sociedade lhe dita. Para tanto, usa sua experiência profissional como exemplo esta, que se limitou a escrita já que esta atividade era considerada respeitosa para uma moça.

                              Nor does she let a man assume she's a secretary.


O mesmo não pode se dizer de Peggy, os fatos aqui expostos dizem respeito ao enredo da 1ª temporada da série Agent Carter. Na série ambientada em 1946, acompanha Peggy Carter conforme ela lida com as consequências do retorno do exército para os EUA após o fim da guerra. Abalada depois do desaparecimento de Steve Rogers,  Peggy mesmo tendo participado de grandes missões como a que resultou na criação do Capitão América, é diminuída por seus colegas de trabalho, todos homens, e precisa neste ambiente dominado pelo sexo oposto, tentar fazer com que o seu trabalho seja respeitado.
Ser uma agente secreta não é uma profissão comum para uma mulher, e ela sofre com essa visão toda vez que no escritório é "confundida" com uma secretária e é designada para trabalhos como, atender telefones e buscar o almoço...

Thompson:"estes relatórios de vigilância precisam ser arquivados e você é sempre muito melhor neste tipo de coisa."
Peggy: Que tipo de coisa é essa, Agente Thompson? O alfabeto?"
  Virgínia Woolf prossegue seu argumento descrevendo alguns dos desafios que ela enfrentou para seguir a carreira de escritora, entre eles superar a sombra do "anjo do lar" que nada mais é do que o ideal feminino da época, que indicava como a mulher DEVERIA ser para ser respeitada: "em suma seu feitio era nunca ter opinião ou vontade própria e preferia sempre concordar com as opiniões e vontades dos outros." Woolf, resolveu "matar o anjo do lar dentro dela para que pudesse dar voz a sua verdadeira personalidade.

Carter por sua vez também parece ter se livrado do anjo do lar em suas decisões pessoais, mas não deixa de utilizá-lo como um aliado quando precisa para poder viver sua vida dupla e manter a fachada de "telefonista pacata" ou até dentro de seu escritório quando seus colegas a subestimam, e a veem como inferior usando, desta forma, o próprio machismo deles contra os mesmos (quem assistiu a série entende melhor essa parte.)

Almost all of her male co-workers see her as less capable, so she uses their mistake against them.
Carter executando o tipo de atividade que lhe era designada e aproveitando para coletar informações para suas missões.
   "O anjo do lar morreu e o que ficou? Vocês podem dizer que o que ficou foi algo simples e comum (...) Em outras palavras agora que tinha se livrado da falsidade a moça só tinha de ser ela mesma. Ah, mas o que é ela mesma? Quer dizer o que é uma mulher? Juro que não sei. E duvido que vocês saibam. Duvido que alguém possa saber, enquanto ela não se expressar em todas as artes e profissões abertas às capacidades humanas." Como saber no que a mulher necessita ou o que ela almeja sem que ela mesma possa nos mostrar essas respostas? Essa era a discussão trazida por Woolf nos anos 30, as mulheres dando voz ao próprio sexo para que elas possam fazer as escolhas que quiserem para suas vidas.

"Vocês acham que me conhecem, mas eu nunca fui mais do que o que cada um de vocês tem criado"

Em mais um trecho do Livro "Profissões para mulheres..." Virginia cita o que seria o perfil do personagem Thompson e a maneira como este trata a Agent Carter durante a série: "Há um instinto masculino forte e Inextirpável de que uma jovem culta ou mesmo talentosa é o monstro mais intolerável de toda a criação."  Thompson, não somente vê em Carter uma ameaça, mas sabe que ela é talentosa e competente no que faz e não a respeita como tal por ela ser mulher.

Thompson says something that, at least in Episode 4, actually turns out to be true.
Thompson: "A ordem natural do universo. Você é uma mulher. Nenhum homem irá te considerar como um igual."

Por fim, encerraremos nosso devaneio com mais um trecho de Virginia Woolf:
(...) Para um homem ainda é muito mais fácil do que para uma mulher dar a conhecer suas opiniões e vê-las respeitadas. Não tenho dúvidas de que, caso tais opiniões prevaleçam no futuro, continuaremos num estado de barbárie semicivilizada. Pelo menos é assim que defino a perpetuação do domínio de um lado e, de outro da servilidade. Pois a degradação de ser escravo só se equipara a degradação de ser senhor."

There is a shot early in the first episode where Agent Carter is symbolically fighting through men standing in her way.

Obs:
Poderia ter ficado um tempão aqui descrevendo o quanto a Agente Carter é girl power, mas fica aqui a minha recomendação: para quem ainda não assistiu a série ou leu o livro, eu super recomendo!

Para saber mais:

http://www.buzzfeed.com/arianelange/gloriously-feminist-moments-from-agent-carter#.ouneJNBAxb


http://esportenerd.com/serie/noticia/curiosidades-sobre-agent-carter20150105

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Leituras e Devaneios: Sejamos Todos Feministas - Chimamanda Ngozi Adichie



Hey!!!

Hoje é dia de falarmos sobre um assunto mega relevante: o feminismo e a questão de gênero em geral. O devaneio de hoje traz o livro: Sejamos Todos Feministas da autora Chimamanda Ngozi Adichie. Este post tem como detalhe especial a colaboração da minha amiga leitora Jailda Alves (@passosjai) que também leu o livro e fez questão de mesclar suas impressões com as minhas, resultando nesse post super girl power que você vai conferir agora!!




No nosso cotidiano é “comum” nos depararmos com explosões de padrões e regras, surgidas dos mais distintos lugares, como nas redes sociais, família, entre amigos e etc., algumas delas já estão inseridas na sociedade a tal ponto que muitas pessoas não conseguem sequer notar. Você pode se perguntar: “como isso?”, ou até estar convicto(a) que é mais um “mimimi” de gente que vê problema em tudo, como é considerado por muitos.

Chimamanda na palestra que originou o livro "we should all be feminists"


No entanto, um livro pequeno mas de conteúdo cheio de questionamentos traz reflexões que valem muito a pena serem levadas em consideração. No livro Sejamos todos feministas, Chimamanda convida a nós, homens e mulheres, a pensarmos sobre a questão de gênero de uma maneira diferente e simples, por meio de sua escrita leve e íntimista a autora nos guia por fatos do dia a dia que parecem corriqueiros, mas carregam uma grande carga de preconceito contra o gênero feminino. Chimamanda deixa claro nessa obra que o feminismo é um termo cheio de estereótipos e que muitas vezes é mal compreendido e mal utilizado. 


O ponto alto dessa obra na minha opinião é a questão do respeito a feminilidade da mulher, pois podemos lutar pelos nossos direitos, contra o que tira a nossa dignidade, sem ter que deixar nossa essência de lado, sem deixar que a questão do gênero dite quem DEVEMOS ser, e não quem somos. Uma ótima dica de leitura para quem quer iniciar seus estudos sobre gênero de uma maneira leve e objetiva. Um livro pra ser lido por HOMENS e MULHERES.


A leitura desse livro ajuda não somente a quebrar os estereótipos ligados ao feminismo, mas responde indiretamente algumas questões comumente direcionadas as feministas e redireciona e racionaliza o instinto adotado por algumas pessoas, o qual resume-se ao desvio e contorno da situação, enquanto algumas debatem, mostram um contraponto e lutam até serem ouvidas, ou até conseguir o objetivo pretendido, nesse caso, ao que refere-se aos direitos as mulheres.


Para se inteirar mais sobre o livro, não deixe de assistir a palestra que deu origem a obra em questão: 


Além do livro, parte do discurso de Chimamanda foi musicado por Beyoncé na canção #FLAWLESS 


Hasta la Vista!